A guerra parou
no Congo e Nigéria
pro jogo do Santos

Para
  o Pelé
Tudo
  é (im)possível
com a bola no pé.

se me perguntarem
qual foi o jogador
que melhor jogou
em todos os tempos,
(dos que vi jogar)
direi, foi o Denilson
do Bétis, São Paulo
que driblava
a bola, driblava
o vento, driblava
o gol, ia sorrindo,
indo para a linha
lateral, seis adversários
seguindo-o, como
crianças seguem
borboletas no quintal.

sou gordo,
de vivências, feito
uma esfera
de cantos finos,
cortantes, desafino
de oscilatórios
harmônicos, uma onda
quebrante no mar
das palavras que calei,
devorei, verti
como
desejo
dejeto

eu sei, não
sou poeta.
só escrevo
feio e errado.
relendo os silêncios evitados,
vindicados
na impossibilidade,
incomunicável por palavras,
de nada dizer calado.

o sol lançou-se
ao chão da terra
da palma da mão
e a escuridão
fez-se mínima,
o preto na íris
de uma menina,
buraco negro
da minha visão.

sou o anti antídoto
sou antítese tesão
sou ser sim ser não
sou pecado sermão
delirante anteparação
sou fim do dia, serão
sou serafim, cessei
não desisto ser rei,
torre, bispo e peão

a vivência flutua
entre o fastio e a fome,
um repuxo de lado
na superfície do lago
sem fundo, do interno
escuro e louco
que é um homem.

imutável

falo asneiras demais,
groselhas, abóboras,
sacrilégios e merdas.

absolvam a sociedade
que tanto tentou
dar-me discernimento

mas não nasci de barro.
nasci duro, áspero,
feio, feito em cimento.