segunda às 17

trocamos olhares
dentre mãos
braços
e corpos suados
música
ao fundo
e um ritmo
das oscilações
do impacto
do metal,
viro o rosto,
nunca mais nos veremos
após se abrirem
as portas do trem.

o leite gelado, aquecido
a setenta graus centígrados
no tubo de vapor da cafeteira,
deita na dose de expresso
marrom e forte.
a xícara quente encosta
na lábio que a apoia
enquanto o cappuccino
desce vagarosamente,
os dentes manchando,
preenchendo o palato
com o leite aerado
de cremosa textura.
Há o equilibrado do gosto
nos grãos frescos, a poucos
segundos moídos.
adoce a gosto,
se quiser apenas
o gosto do açúcar.

temo
a falta de um
espaço seguido
de um a
que não é prefixo
de negação.

o toque

que é um passo preso dentre
o passageiro da dianteira
e o da traseira, instante
cru de duração rasa
um segundo leve
antes de nascer
o movimento
que encerra
constante
a pausa,
enfim
fim
.

o sol
sobe
o sol
desce

gira no próprio eixo a terra
seixo no seio da via láctea
nada se move e parados
já não somos mais iguais
ao segundo anterior
é tudo novo, de novo

sobe
o sol
desce
o sol

tenho vergonha
da minha família,
pois sou estúpido,
e eles também tem
vergonha de mim,
pois são espertos,
disso me orgulho.